A busca do entorpecimento e os sintomas de tédio e apatia na clínica psicanalítica

  • Adriana Meyer B. Gradin Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
Palavras-chave: Entorpecimento, Tédio, Apatia, Intrusão

Resumo

Novos discursos na clínica psicanalítica, assim como manifestações não verbais apontam para a questão do entorpecimento e do empobrecimento da vida simbólica de analisandos. No presente artigo, a autora trata do tédio e da apatia e do uso de objetos, tais como seriados, filmes e games de caráter repetitivo, drogas e objetos de adicção que impedem o acesso à transicionalidade. Tais analisandos evitam o contato com a ausência, com o vazio e com a separação que permitiria que se constituíssem como ego unitário. Aborda-se, ainda, a ideia winnicottiana de reação à intrusão em razão da superoferta materna, discorrendo sobre o manejo de tais casos e a escuta própria a esses padecimentos.

Biografia do Autor

Adriana Meyer B. Gradin, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Psicanalista. Doutoranda em Psicologia Clínica no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Núcleo de Método Psicanalítico e Formações de Cultura. Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Núcleo de Método Psicanalítico e Formações de Cultura. São Paulo, SP, Brasil.

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Publicado
30-11-2020
Como Citar
GRADIN, A. A busca do entorpecimento e os sintomas de tédio e apatia na clínica psicanalítica. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 42, n. 43, p. 11-34, 30 nov. 2020.