Sobre reveries, quimeras e pensamentos paradoxais
impasses no setting analítico e o trabalho criativo do analista
Resumo
Neste artigo, busca a autora garimpar subsídios sobre o tema da reverie, a fim de aprofundar a compreensão sobre os elementos motivadores do surgimento de imagens estranhas na mente do analista no curso de processos de análise, como pictogramas afetivos (ROCHA BARROS, 2000), quimeras e pensamentos paradoxais (M’UZAN, 1976). Sustenta-se que tais imagens surgem para atender a uma demanda de trabalho criativo quando são vivenciadas ameaças aos processos de simbolização, assim como a esterilidade do campo analítico em razão de impasses decorrentes de traumas primitivos, desvitalizações ou movimentos resistenciais da dupla analítica. O processo analítico, nesses casos, assume a natureza de “incubadora de símbolos” (HARTKE, 2005).
Referências
BION, W. (1962a). A theory of thinking. In: Second Thoughts: Selected Papers on Psycho-Analysis. Londres: Karnac Books Ltda, 2007.
______. (1962b). Learning from Experience. Londres: Karnac Books Ltda, 2007.
______. (1963). Elements of Psycho-Analysis. The Complete Works of W. R. Bion. London: Karnac Books, 2014. v. 5.
______. (1965). Tranformations: change for learning to growth. The Complete Works of W. R. Bion. London: Karnac Books, 2014. v. 5
CIVITARESE, G. The inaccessible unconscious and reverie as a path of figurability. Unrepresented States and the Construction of Meaning. Clinical and Theoretical Contributions. London: Karnac Books, 2013. p. 220-239.
______. Truth and the unconscious in psychoanalysis. New York: Routledge, 2016. FERRO, A. Clinical Implications of Bion’s Thoughts. International Journal of Psychoanalysis, 87, p. 989-1003, 2006.
GREEN, A. (1979). O silencio do psicanalista. In: A loucura privada, psicanálise de casos-limite. Tradução de Martha Gambini, São Paulo: Ed. Escuta, 2017. p. 289-314.
______. (1987). A capacidade de reverie e o mito etiológico. In: A loucura privada, psicanálise de casos-limite. Tradução de Martha Gambini, São Paulo: Ed. Escuta, 2017. p. 315-334.
HARTKE, R. Repetir, simbolizar e recordar, Report to the Pannel “¿El psicoanálisis cura aun mediante la rememoración?” Presented at the 45th Conference of the International Psychoanalytical Association, Berlin, Germany, 2005.
HEIMANN, P. (1949). On Counter-transference. The International Journal of Psychoanalysis, 1950.
KLEIN, M. Notas sobre alguns mecanismos esquizoides. In: Inveja e Gratidão e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1946.
M’UZAN, M. de. “Aperçus sur le processus de la création littéraire”. De l’Art à laMort. Paris, Gallimard, 1964.
______. Sobre os processos de criação literária. Da arte à morte. São Paulo: Perspectiva, 1964.
______. Contratransferência e sistema paradoxal. Da arte à morte. São Paulo: Perspectiva, 1976.
______. La boca del inconsciente. In: La boca del inconsciente: Ensayos sobre la interpretación. Buenos Aires: Amorrortu, 1978.
______. (1989). During the session: considerations on the analyst’s mental functioning. In: Death and Identity, Being and the Sexual Drama. Tradução de Andrew Weller. London: Karnac Books, 2013.
OGDEN, T. Reverie e interpretação. São Paulo: Escuta, 2013.
ROCHA BARROS, Elias. O processo de constituição de significado na vida mental: afeto e imagem pictográfica. Revista Brasileira de Psicanálise, São Paulo, v. 34 (I), p. 55-68, 2000.
ROCHA BARROS, Elias; ROCHA BARROS, Elizabeth. Reflections on the clinical implications of symbolism. The International Journal of Psychoanalysis, 92, p. 879-901, 2011.
Copyright (c) 2021 Cadernos de Psicanálise | CPRJ
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.