A histeria no pensamento clínico de Donald W. Winnicott e Masud Khan

Palavras-chave: Histeria, Complexo edípico, Teoria das relações objetais, Teoria do desenvolvimento emocional, Winnicott, Khan

Resumo

O presente trabalho objetiva redescrever a histeria a partir da teoria das relações objetais e da teoria do desenvolvimento emocional em Donald W. Winnicott e Masud Khan. A partir da teoria das relações objetais e do desenvolvimento emocional primitivo, a histeria pode ser compreendida como uma falha no cuidado do bebê no primeiro ano de vida, acrescido de desenvolvimento sexual prematuro, no qual é possível encontrar núcleos psicóticos e esquizoides, que emergem durante a adolescência ou a vida adulta. Propomos o manejo clínico por meio da psicanálise transmatricial, ou seja, tanto por meio da interpretação e da associação livre, quanto por meio da reparação das falhas ambientais precoces vividas na dinâmica mãe-bebê com o recurso da regressão à dependência.

Biografia do Autor

Sergio Gomes, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP

Psicanalista. Membro efetivo do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro (CPRJ). Pós-Doutorando em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia pelo Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Doutorado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Nelson Ernesto Coelho Júnior, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP

Psicanalista. Professor Doutor do Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). São Paulo, SP, Brasil.

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Publicado
06-07-2021
Como Citar
GOMES, S.; JÚNIOR, N. A histeria no pensamento clínico de Donald W. Winnicott e Masud Khan. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 43, n. 44, p. 217-241, 6 jul. 2021.