Reflexões sobre o traumático e possibilidades elaborativas a partir do filme Inocência Roubada

  • Juliana Milman Cervo Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre, RS
Palavras-chave: Trauma, Repetição, Elaboração, Reparação

Resumo

O presente trabalho propõe-se a pensar o filme Inocência Roubada (2018), de Andréa Bescond e Éric Métayer, através das possibilidades de elaboração psíquica que tanto a arte quanto a escuta analítica são capazes de propiciar. O ponto de partida será o célebre texto de Freud (1920/2010), Além do princípio do prazer, em sua noção de trauma como excesso pulsional. Também serão destacadas algumas contribuições de Ferenczi (1933-1934/1992) e de autores contemporâneos como Anne Alvarez (1994) e Daniel Kupermann (2017), os quais efetuam um enlace com o social ao refletir sobre os efeitos do testemunho e da presença do outro para a autorização de uma sobrevivência psíquica.

Biografia do Autor

Juliana Milman Cervo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre, RS

Psicóloga pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestrado em Escrita Criativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Especialista em Psicoterapia de Orientação Analítica pelo Centro de Estudos Luís Guedes (CELG/CEPOA). Porto Alegre, RS, Brasil.

Referências

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Publicado
10-08-2021
Como Citar
CERVO, J. Reflexões sobre o traumático e possibilidades elaborativas a partir do filme Inocência Roubada. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 43, n. 44, p. 111-127, 10 ago. 2021.