Reflexões sobre o traumático e possibilidades elaborativas a partir do filme Inocência Roubada
Resumo
O presente trabalho propõe-se a pensar o filme Inocência Roubada (2018), de Andréa Bescond e Éric Métayer, através das possibilidades de elaboração psíquica que tanto a arte quanto a escuta analítica são capazes de propiciar. O ponto de partida será o célebre texto de Freud (1920/2010), Além do princípio do prazer, em sua noção de trauma como excesso pulsional. Também serão destacadas algumas contribuições de Ferenczi (1933-1934/1992) e de autores contemporâneos como Anne Alvarez (1994) e Daniel Kupermann (2017), os quais efetuam um enlace com o social ao refletir sobre os efeitos do testemunho e da presença do outro para a autorização de uma sobrevivência psíquica.
Referências
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