Complexo de Castração e Complexo do Nebenmensh

diferença, desamparo e violência

  • Elisa Maria de Ulhôa Cintra Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo, SP
Palavras-chave: Desamparo, Diferença, Violência, Complexo de Castração, Complexo do Nebenmensch, Rejeição da feminilidade, Rochedo da castração, Identificação narcísica de base

Resumo

O texto parte da questão relativa às angústias que dão origem às identificações regressivas descritas em Psicologia das massas e análise do eu, de Freud (1921). Quando se engajam na massa, os sujeitos conquistam de forma imaginária um poder fálico que os autoriza a realizar qualquer ação e perdem a sua capacidade de se responsabilizar por si e pelos outros. Esta situação coloca a exigência de pensar os mecanismos de violência que estão em jogo e a natureza das angústias que levam aos extremos de alienação a um líder autoritário e despótico. As duas teorias da angústia em Freud são examinadas através do texto Inibição, sintoma e angústia (1926). A condição existencial de desamparo no nascimento é pensada como a angústia arquetípica e examina-se o Complexo de Nebenmensch. A angústia de castração é pensada como um esquema organizador de todas as ameaças e traumatismos que o sujeito enfrenta – constituindo o Complexo de Castração. É retomada a ideia de rejeição da feminilidade presente no texto Análise terminável e interminável (1937) para fazer uma crítica ao que Freud chamou de rochedo da castração.

Biografia do Autor

Elisa Maria de Ulhôa Cintra, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo, SP

Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São Paulo, SP, Brasil.

Referências

CINTRA, E. M. U. As funções anti-traumáticas do objeto primário: holding, continência e rêverie. Tempo Psicanalítico, Rio de Janeiro, Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle, v. 35, p. 37, 2003.

______. Empatia, identificação projetiva e rêverie: escutar o inaudível na clínica do trauma. In: CINTRA; TAMBURRINO; RIBEIRO (Orgs.). Para além da contratransferência: o analista implicado. São Paulo: Zagodoni Editora, 2017.

DONNET, J-L. La situation analysante. Paris: PUF, 2005.

FIGUEIREDO, L. C. As províncias da angústia (roteiro de viagem). Revista latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. II, p. 50-63, 1999.

FREUD, S. (1914). Introdução ao narcisismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (Obras completas, 12).

______. (1917). Luto e melancolia. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (Obras completas, 12).

______. (1921). Psicologia das massas e análise do eu. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. (Obras completas, 15).

______. (1923). O eu e o id. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. (Obras completas, 16).

______. (1926). Inibição, sintoma e angústia. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. (Obras completas, 17).

______. (1931-32). Novas conferências sobre psicanálise. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (Obras completas, 18).

______. (1937). Análise terminável e interminável. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. (Obras completas, 19).

______. (1937). Construções em análise. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. (Obras completas, 19).

______. (1938). A cisão do eu no processo de defesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. (Obras completas, 19).

GABBI Jr., O. F. Notas a um projeto de uma psicologia. Rio de Janeiro: Imago, 2003.

GREEN, A. O trabalho do negativo. Porto Alegre: Artmed, 1993.

______. As cadeias de Eros. Lisboa: Climepsi Editores, 1997.

LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J.-B. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1967.

LAPLANCHE, J. Problemáticas I A Angústia. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

______. La pulsion et son objet-source: son destin, dans le transfert. In: La Révolution copernicienne inachevée. Paris: Aubier, 1992. p. 239.

______. Novos fundamentos para a psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1992a.

______. Freud e a sexualidade, o desvio biologizante. São Paulo: Jorge Zahar, 1997.

LEVINAS, E. Autrementqu’être ou au-delà de l’essence. La Haye, Martinus Nijhoff,

RIBEIRO, P. C. (2000) O problema da identificação em Freud – recalcamento da

identificação feminina primaria, p. 219. São Paulo: Escuta.

ROCHA, Z. Os destinos da angústia na psicanálise freudiana. São Paulo: Escuta, 2000.

ROUSSILLON, R. Manual da prática clínica em psicologia e psicopatologia. São Paulo: Blucher, 2019.

SCHNEIDER, M. A proximidade em Lévinas e o Nebenmensch freudiano. Cadernos de Subjetividade, São Paulo, 5 (1), p. 71-90, 1997.

WINNICOTT, D.W. Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

Publicado
30-11-2021
Como Citar
CINTRA, E. Complexo de Castração e Complexo do Nebenmensh. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 43, n. 45, p. 41-62, 30 nov. 2021.