Tempo lógico e emergência subjetiva nas internações em saúde mental
Resumo
Este trabalho elabora o relato de uma psicóloga em uma unidade de internação em saúde mental de um hospital geral. O relato versa sobre as possibilidades da clínica no espaço hospitalar, permitindo o exercício da emergência subjetiva como passagem da urgência à emergência, a partir da escuta analítica como ferramenta de intervenção. Apresentamos duas vinhetas clínicas, buscando nomear momentos do tempo lógico, bem como as operações de alienação e de separação. A experiência não linear do tempo conduziu a escuta, bem como propiciou a emergência subjetiva desde a singularidade do traço do sujeito. Na primeira vinheta, destaca-se a precipitação do tempo; na segunda, a expansão. Em ambos os casos, o tempo de compreender se faz necessário à elaboração de um resto. Salientamos que, se no hospital o analista precisa trabalhar com o pouco tempo que lhe é disponível, ao se deparar com o inesperado e o desconhecido, por sua vez, ele também elabora seu fazer nos tempos que emergem.
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