Igualdade e hierarquia
como a gramática nos flagra
Resumo
Este artigo busca mostrar como nossas formas de vida se flagram na gramática – em nosso modo de expressar/pensar. O psicanalista Fanon, por exemplo, nos leva a pensar em uma sociogênese: para além de uma filogênese e uma ontogênese, uma pessoa se forma a partir de distinções sociais. Assim, um negro não sofre, por exemplo, da mesma forma que um branco. Fanon destaca como o negro se nega ao tentar se reconhecer com o colonizador, tentando ser como ele e isso se flagra na própria linguagem. Essa reflexão nos abre para pensarmos no caso do autoritarismo brasileiro. Veremos como Chaui, Buarque de Holanda, DaMatta entre outros destacam como somos um povo autoritário e como isso é expresso em nossa própria gramática (nossa forma de pensar, agir, ser, desejar etc.).
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