A menina que ainda não estava lá

da matriz sensorial familiar à singularização

  • Fernanda Ribeiro Palermo Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro (CPRJ), Rio de Janeiro, RJ
  • Alberto Konicheckis Universidade de Paris-Cité, Paris, França
  • Andrea Seixas Magalhães Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Rio de Janeiro, RJ
Palavras-chave: Sensorialidade, Família, Transgeracional, Singularização, Alergia

Resumo

Neste artigo, discutiremos a noção de matriz sensorial familiar, evidenciando a sua face opressora e o surgimento do sintoma psicossomático como resposta ao imperativo da sensorialidade durante o processo de análise. Por meio de uma vinheta clínica, apresentaremos o caso de uma jovem que sustenta o processo de separação da família e a conquista do espaço psíquico singular via sintomas alérgicos. Propomos considerar, portanto, a alergia tanto como expressão psíquica primária defensiva quanto como reveladora de um tipo de relação de objeto alérgica, o que sinaliza questões arcaicas e objetais atuantes no psiquismo.

Biografia do Autor

Fernanda Ribeiro Palermo, Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro (CPRJ), Rio de Janeiro, RJ

Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Especialista em Psicoterapia de Família e Casal pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Membro Efetivo da Associação Brasileira de Casal e Família e Membro em Formação do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro CPRJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Alberto Konicheckis, Universidade de Paris-Cité, Paris, França

Psicólogo Clínico. Psicanalista. Membro da Sociedade Psicanalítica de Paris. Professor Emérito da Universidade de Paris-Cité. Presidente do Grupo de Estudos Clínicos Psicanalíticos (GECP), em Aix-en-Provence, França.

Andrea Seixas Magalhães, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Rio de Janeiro, RJ

Professora Associada do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Professora do Curso de Especialização em Psicoterapia de Família e Casal da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Referências

AUBERTEL, F. Le travail sur le lien en thérapie familiale psychanalytique. In: La Réalité Psychique du Lien. Revue Internationale de Psychanalyse du couple et de la famille (AIPCF), n. 4, p. 57-76, 2010.

BION, W. Attacks on linking. In: ______. Second thoughts. London: Karnac, 1967.

______. Learning from experience. London: H. Karnac, 1962.

______. (1963). Elementos de psicanálise. Tradução de J. Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 2004.

______. Experiências com grupos. Rio de Janeiro: Imago, São Paulo: EDUSP, 1975.

BRUSSET, B. Lien primaire et relation d’objet allergique. Revue française de psychosomatique, v. 55, n. 1, p. 173-194, 2019.

FOULKES, S.H. Based on the practice and theory of group analytic psychoterapy: the concept of group matrix. GroupAnalysis, 1 (1), p. 31-36, 1967.

KAËS, R. (1993). Transmissão da vida psíquica entre gerações. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

______. Um singular plural: a psicanálise à prova do grupo. São Paulo: Loyola, 2011.

KONICHECKIS, A. Subjectivation et sensorialité: les embryons de sens. In: MELLIER, D; CICCONI, A; KONICHECKIS, A. (Org.). La vie psychique du bébé. Émergence et constriction intersubjective. Paris: Dunod, 2012. p. 7-22.

MARTY, P. Notes cliniques et hypothèses à propos de l’économie de l’allergie. Revue Française de Psychanalyse, n. 2, p. 243-254, 1969.

______. La relation objectale allergique. Presses Universitaires de France, n. 29, p. 7-30, 2006.

MELTZER, D. et al. (1975). Explorations dans le monde de l’autisme. Paris: Payot, 1984.

PALERMO, F. R. Tecendo laços e desatando nós: a sensorialidade na clínica com famílias. 2021. Tese (Doutorado em Psicologia). Departamento de Psicologia, PUC-Rio, 2021.

RUFFIOT, A. Appareil psychique familial et appareil psychique individuel, hypothèses pour une onto-éco-génèse. Dialogue, Familles & Couples, n. 72, p. 31-43, 1981.

WINNICOTT, D.W. (1958). Desenvolvimento emocional primitivo. In: ______. Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago, 1971. p. 218-233.

______. (1960). Contratransferência. In: ______. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artmed, 1983. p. 145-152.

______. (1967). Colapso das defesas. In: ______. Natureza humana. Rio de Janeiro: Imago, 1990. p. 82-87.

______. (1969). Sobre o uso de um objeto no contexto de Moisés e o monoteísmo. In: ______. Explorações psicanalíticas: D.W. Winnicott. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 187-192.

______. O lugar em que vivemos. In: ______. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1972. p. 145-153.

Publicado
16-11-2022
Como Citar
PALERMO, F.; KONICHECKIS, A.; MAGALHÃES, A. A menina que ainda não estava lá. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 44, n. 47, p. 157-171, 16 nov. 2022.