A menina que ainda não estava lá
da matriz sensorial familiar à singularização
Resumo
Neste artigo, discutiremos a noção de matriz sensorial familiar, evidenciando a sua face opressora e o surgimento do sintoma psicossomático como resposta ao imperativo da sensorialidade durante o processo de análise. Por meio de uma vinheta clínica, apresentaremos o caso de uma jovem que sustenta o processo de separação da família e a conquista do espaço psíquico singular via sintomas alérgicos. Propomos considerar, portanto, a alergia tanto como expressão psíquica primária defensiva quanto como reveladora de um tipo de relação de objeto alérgica, o que sinaliza questões arcaicas e objetais atuantes no psiquismo.
Referências
AUBERTEL, F. Le travail sur le lien en thérapie familiale psychanalytique. In: La Réalité Psychique du Lien. Revue Internationale de Psychanalyse du couple et de la famille (AIPCF), n. 4, p. 57-76, 2010.
BION, W. Attacks on linking. In: ______. Second thoughts. London: Karnac, 1967.
______. Learning from experience. London: H. Karnac, 1962.
______. (1963). Elementos de psicanálise. Tradução de J. Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 2004.
______. Experiências com grupos. Rio de Janeiro: Imago, São Paulo: EDUSP, 1975.
BRUSSET, B. Lien primaire et relation d’objet allergique. Revue française de psychosomatique, v. 55, n. 1, p. 173-194, 2019.
FOULKES, S.H. Based on the practice and theory of group analytic psychoterapy: the concept of group matrix. GroupAnalysis, 1 (1), p. 31-36, 1967.
KAËS, R. (1993). Transmissão da vida psíquica entre gerações. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.
______. Um singular plural: a psicanálise à prova do grupo. São Paulo: Loyola, 2011.
KONICHECKIS, A. Subjectivation et sensorialité: les embryons de sens. In: MELLIER, D; CICCONI, A; KONICHECKIS, A. (Org.). La vie psychique du bébé. Émergence et constriction intersubjective. Paris: Dunod, 2012. p. 7-22.
MARTY, P. Notes cliniques et hypothèses à propos de l’économie de l’allergie. Revue Française de Psychanalyse, n. 2, p. 243-254, 1969.
______. La relation objectale allergique. Presses Universitaires de France, n. 29, p. 7-30, 2006.
MELTZER, D. et al. (1975). Explorations dans le monde de l’autisme. Paris: Payot, 1984.
PALERMO, F. R. Tecendo laços e desatando nós: a sensorialidade na clínica com famílias. 2021. Tese (Doutorado em Psicologia). Departamento de Psicologia, PUC-Rio, 2021.
RUFFIOT, A. Appareil psychique familial et appareil psychique individuel, hypothèses pour une onto-éco-génèse. Dialogue, Familles & Couples, n. 72, p. 31-43, 1981.
WINNICOTT, D.W. (1958). Desenvolvimento emocional primitivo. In: ______. Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago, 1971. p. 218-233.
______. (1960). Contratransferência. In: ______. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artmed, 1983. p. 145-152.
______. (1967). Colapso das defesas. In: ______. Natureza humana. Rio de Janeiro: Imago, 1990. p. 82-87.
______. (1969). Sobre o uso de um objeto no contexto de Moisés e o monoteísmo. In: ______. Explorações psicanalíticas: D.W. Winnicott. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 187-192.
______. O lugar em que vivemos. In: ______. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1972. p. 145-153.
Copyright (c) 2022 Cadernos de Psicanálise | CPRJ
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.