Afinando a escuta sobre o “Inconsciente Social dos Brasileiros”

exotismo e miscigenação

  • Carla Penna Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ
Palavras-chave: Inconsciente, Inconsciente social, Dispositivos de poder, Exotismo, Miscigenação

Resumo

Este artigo introduz o estudo do conceito de inconsciente social desde suas raízes nas décadas de 1920 e 1930 na Alemanha até seus desenvolvimentos contemporâneos. Partindo da perspectiva freudiana de que a psicologia individual é ao mesmo tempo psicologia social e da epistemologia grupanalítica, o trabalho explora dimensões intrassubjetivas, intersubjetivas e transsubjetivas dos processos inconscientes. A pesquisa sobre o inconsciente social vem sendo realizada em diferentes países e neste artigo - através do uso do conceito de “dispositivo de poder” de inspiração foucaultiana e da noção Foulkesiana de matriz – reflete sobre aspectos socialmente inconscientes coconstruídos pelos brasileiros.  

Biografia do Autor

Carla Penna, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ

Psicanalista, membro efetivo do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro (CPRJ), membro efetivo da Group Analytic Society London/International, Doutora em Psicologia Clínica/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Referências

ABRAHAM, N.; TOROK, M. A casca e o núcleo. São Paulo: Martin Fontes, 1994.

ALMEIDA, M. A. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Ateliê Editorial, 2016.

ALTHUSSER, L. For Marx. London: New Left, 1969.

ANDRADE, O. (1928). Manifesto antropófago (manifesto antropofágico). Disponível em: <https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/7064/1/45000033273.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2022.

BUARQUE DE HOLANDA, S. (1936). As raízes do Brasil. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2006.

_____. (1945). Visão do paraíso. São Paulo: Editora Brasiliense, 2000. BARTHES, R. Mitologias. Rio de Janeiro: Difel, 2003.

BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre: Zouk, 2007. CANDIDO, A. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981.

CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 1982.

DALAL, F. Taking the group seriously: Towards a post-foulkesian group analytic theory. London: Jessica Kingsley Publishers, 1998.

_____. The social unconscious and ideology: in clinical theory and practice. In: HOPPER, E.; WEINBERG, H. (Eds.). The social unconscious in persons, groups, and societies, v. 1, Mainly Theory. London: Karnac, 2011. p. 243-263.

DA MATTA, R. (1984). O que faz o Brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1984.

_____. Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. (1980). Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, v. 2. São Paulo: Editora 34, 2011.

ELIAS, N. (1939). O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.

_____. (1970). Introdução à sociologia. Lisboa: Edições 70, 2005.

ELLENBERGER, H. The Discovery of the Unconscious. New York: Basic Books, 1970.

FAIMBERG, H. The telescoping of generation. Listening to narcissistic links between generations. London: Routledge, 2005.

FENICHEL, O. (1945). Teoria psicanalítica das neuroses. Rio de Janeiro: Atheneu, 2006.

FERNANDES, F. (1972). O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Global, 2007.

FIGUEIREDO, L. C. Prefácio. In: PENNA, C. Inconsciente social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014. p. 15-22.

FREUD, S. (1913). Totem e tabu. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p. 17-197. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud 13).

_____. (1919). O estranho. Rio de Janeiro: Imago, 1974, p. 275-314. (ESB, 17).

_____. (1921). Psicologia de grupo e análise do ego. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 91-183. (ESB, 18).

_____. (1923). O ego e o id. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 23-90. (ESB, 19).

_____. (1927). O futuro de uma ilusão. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 15-79. (ESB, 21).

_____. (1930). O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p. 81-177. (ESB, 21).

_____. (1933[1932]). A dissecção da personalidade psíquica. Novas conferências introdutórias sobre Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 16. (ESB, 22).

_____. (1937). Construções em análise. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 291- 308. (ESB, 23).

_____. (1939). Moisés e o monoteísmo. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 6-167. (ESB, 23).

FOUCAULT, M. (1969). Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

_____. (1976). Soberania e disciplina. In: Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2014. p. 278-295.

FOULKES, E. (Ed.). S. H. Foulkes: selected papers: psychoanalysis and group analysis. London: Karnac, 1990.

FOULKES, S. H. (1948). Introduction to group-analytic psychotherapy. London: Karnac, 1983.

_____. (1964). Therapeutic group analysis. London: Karnac, 1992.

_____. (1975). Group analytic psychotherapy: methods, principles. London: Karnac, 2002.

FUKUYAMA, F. Identity: the demand for dignity and the politics of resentment. New York: Farrar, Straus, and Giroux, 2018

FREYRE, G. (1936). Casa grande e Senzala. São Paulo: José Olimpio, 2007.

FROMM, E. (1932). Psychoanalytic characterology and its relevance for social psychology. In: The Crisis of Psychoanalysis. Greenwich: Fawcett, 1971, p. 164–187.

_____. (1962). The social unconscious. In: Beyond the chains of illusion: My encounter with Marx and Freud. London: Bloomsbury Academic, 2017.

HEGEL, F. (1806). Fenomenologia do espírito. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. HOPPER, E. The social unconscious: selected papers. London: Jessica Kingsley, 2003.

_____. “Notes” on the concept of the social unconscious in group analysis. Group, 42 (2), p. 99–118, 2018.

HOPPER, E.; WEINBERG, H. Introduction. In: HOPPER, E.; WEINBERG, H. (Eds.). The social unconscious in persons, groups, and societies, v. 1. Mainly Theory. London: Karnac, 2011. p. XXII–LV.

_____. The social unconscious in persons, groups, and societies, v. 2. Mainly Foundation Matrices. London: Karnac, 2016.

_____. Introduction. In: HOPPER, E.; WEINBERG, H. (Eds.). The social unconscious in persons, groups, and societies, v. 3. The Foundation Matrix Extended and Reconfigured. London: Karnac, 2017. p. XV–XXXV.

_____. The social unconscious in persons, groups, and societies. v. 4. Clinical Implications. London: Karnac, 2022.

HORKHEIMER, M. (1936). Authority and the family. In: . Critical Theory: Selected Essays. New York: Continuum, 2002. p. 47–128. LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: N-1 Edições, 2018.

NITZGEN, D.; HOPPER, E. The concepts of the social unconscious and of the matrix in the work of S. H. Foulkes. In: HOPPER, E.; H. WEINBERG, H. (Eds.). The social unconscious in persons, groups, and societies, v. 3. The Foundation Matrix Extended and Re-configured. London: Karnac, 2017. p. 3-25.

PENNA, C.; GARCIA, C. A. Reflexões em torno do conceito de inconsciente social.

Revista Subjetividades, Fortaleza, 15(1), p. 46-56, 2015.

PENNA, C. Inconsciente social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.

_____. Reflections upon Brazilian social unconscious. In: HOPPER, E.; WEINBERG, H. (Eds.). The social unconscious in persons, groups, and societies, v. 2. Mainly Foundation Matrices. London: Karnac, 2016. p. 139–158.

_____. Racismo, mestiçagem e o inconsciente social dos brasileiros. In: ARREGUY, M.; COELHO, M.; CABRAL, S. (Eds.). Racismo, capitalismo e subjetividade. Niterói: EDUF, 2018.

_____. The crowd: reflections from psychoanalysis and group analysis. London: Routledge, 2022a.

_____. Transference, countertransference and the social unconscious: clinical figurations in tripartite matrices – Latin American Contribution. In: HOPPER, E.; WEINBERG, H. (Eds.). The social unconscious in persons, groups and societies, v. 4. Clinical Implications. London: Routledge, 2002b. p. 15-35.

PICHON-RIVIÈRE, E. (1971). O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

RAMOS, A. (1934). O negro brasileiro – Ethnografia religiosa e psychanalise. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1988.

ROUANET, S. P. Teoria crítica e psicanálise. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1986.

SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

_____. Sergio Buarque de Holanda e essa tal de “cordialidade”. IDE, Psicanálise e Cultura, São Paulo, 31(46), p. 83-89, 2008.

SOUZA, O. Fantasias de Brasil: as identificações na busca da identidade nacional. São Paulo: Escuta, 1994.

TADEI, E. A mestiçagem enquanto um dispositivo de poder e a constituição de nossa identidade nacional. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, 22(4), p. 2-13, 2002.

WEBER, M. A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. In: COHN, G. (Org.). Weber- Sociologia. São Paulo: Ática, 1999. p. 79-127. (Coleção Grandes Cientistas Sociais, v. 13).

Publicado
14-11-2022
Como Citar
PENNA, C. Afinando a escuta sobre o “Inconsciente Social dos Brasileiros”. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 44, n. 47, p. 11-34, 14 nov. 2022.