Winnicott na América:
do uso de um objeto à abertura de diálogos com Freud
Resumo
Partindo da percepção de que a grande maioria dos estudiosos da obra de Winnicott ressalta suaresistência em adotar o conceito de pulsão de morte, o artigo se propõe a apresentar uma perspectiva distinta. Inicia pela apresentação das noções anunciadas por Winnicott em torno do uso de um objeto na palestra proferida em Nova Iorque . Em seguida, argumenta que, a partir daí, Winnicott desenvolve novas ideias entrelaçando-as a temas fundamentais da obra freudiana, sobretudo em três eixos: a teoria das pulsões; o potencial destrutivo originário em relação à capacidade de sobreviver; a função paterna como ambiente facilitador ao processo de integração.
Referências
ABRAM, J. D.W.W. Notes for the Vienna Congress 1971: a consideration of Winnicott’s theory of aggression and an interpretation of the clinical implications. In: ______. Donald Winnicott today. London: Routledge, 2013. p. 302-330.
BAUDRY, F. Winnicott’s 1968 visit to the New York Psychoanalytical Society and Institute: a contextual view. The Psychoanalytic Quarterly, New York, v. 78, n. 4, p. 1059-1090, 2009.
BERNSTEIN, R. Freud e o legado de Moisés. Rio de Janeiro: Imago, 2000.
CARUTH, C. Unclaimed Experience: trauma, narrative and history. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1996.
DEATHIVILLE, L. Donald W. Winnicott: une novelle approche. Paris: Campangne Première, 2014.
DIAS, E. Winnicott em Nova Yorque: um exemplo da incomunicabilidade entre paradigmas. Natureza Humana, ano 7, n. 1, p. 179-206, 2005.
ELKINS, J. Revisiting destruction in “the use of an object”. The Psychoanalytic Quarterly, New York, v. LXXXVI, n. 1, p. 109-148, 2017.
FREUD, S. (1920). Mais além do princípio do prazer. Rio de Janeiro: Imago, 1986. p. 17-85. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 18).
______. (1937). Análise terminável e interminável. Rio de Janeiro: Imago, 1986. p. 239-288. (ESB, 23).
______. (1939). Moisés e o monoteísmo. Rio de Janeiro: Imago, 1986. p. 13-164. (ESB, 23).
FULGÊNCIO, L. Notas sobre o abandono do conceito de pulsão na obra de Winnicott. Winnicott e-prints, São Paulo, n. 1, v. 1, p. 85- 95, 2006.
______. Críticas e alternativas de Winnicott ao conceito de pulsão de morte. Ágora, Rio de Janeiro, Número especial, v. 15, p. 469-480, 2012.
FUKS, B. O homem Moisés e a religião monoteísta: três ensaios. O desvelar de um assassinato. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
GIRARD, M. Les fondements des concepts de base de la metapsychologie freudienne chez Winnicott. Révue Française de Psychanalyse, Paris, n. 3, v. 77, p. 842-865, 2013.
GOLDMAN, D. Surviving as Scientist and Dreamer: Winnicott and use of an object. Contemporary Psychoanalysis, London, n. 34, v. 3, p. 359-367, 2013.
JOYCE, A.; CALDWELL, L. Reading Winnicott. London: Routledge, 2012.
KHAR, B. D.W. Winnicott: a biographical Portrait. London: Karnac Books, 1996.
LOPARIC, Z. From Freud to Winnicott: aspects of a paradigm change. In: ABRAM, J. (Org.). Donald Winnicott today. London: Routledge, 2013. p. 113-155.
MILROD, D. Meeting of the New York Psychoanalytic Society. Natureza Humana, São Paulo, n. 7, v. 1, p. 237-249, 2005.
MOREIRA, C. Servir-se do pai: uma leitura de o Homem Moisés e a religião monoteísta. 2014. Tese (Doutorado em Teoria Psicanalítica). Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014.
OGDEN, T. Destruction reconceived: On Winnicott’s “THe Use of an Object and Relating through Identifications”. International Journal of Psychoanalysis, London, n. 97, v. 5, p. 1243-1262, 2016.
REEVES, C. THe mantle of Freud: was “the use of um object” Winnicott’s todestrieb? British Journal of Psychotherapy, London, n. 23, v. 3, p. 365-382, 2007.
RODMAN, R. Winnicott: life and work. Cambridge: Perseus Publishing, 2003.
ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
SAMUELS, L. THe paradox of destruction and Survival. In: D. W. Winnicott’s “the use of um object”. Fort – Da, v. 7, n. 2, San Francisco, p. 38-53, 2001.
THOMPSON, N. THe transformation of psychoanalysis in America: emigré analysts and the New York Psychoanalytical Society and Institute. Journal of American Psychoanalytical Association, New York, v. 60, n. 1, p. 9-44, 2012.
______. Winnicott in American analysts. In: ABRAM, J. (Org.). Donald Winnicott today. London: Routledge, 2013. p. 386- 417.
WINNICOTT, C.; SHEPHERD, R.; DAVIS, M. D.W. Winnicott: explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 2007.
WINNICOTT, D. W. (1967). A localização da experiência cultural. In: ______. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975. p. 133- 144.
______. THe use of an object. International Journal of Psycho-Analysis, London, v. 50, n. 7, p. 711-716, 1969.
______. (1971). O uso de um objeto e relacionamentos através de identificações. In: ______. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975. p. 121- 132.
______. (1989). O uso de um objeto no contexto de Moisés e o monoteísmo. In: WINNICOTT, C.; SHEPHERD, R.; DAVIS, M. (Orgs.). D.W. Winnicott: explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 2007. p. 187- 191.
______. O gesto espontâneo. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Copyright (c) 2024 Cadernos de Psicanálise | CPRJ
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.