Ecologia e psicanálise: “não somos o sal da terra”

  • Maria Isabel Fortes Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ
Palavras-chave: Antropocentrismo, Fim de Mundo, Ecologia, Narcisismo, Psicanálise

Resumo

O presente trabalho faz uma incursão no pensamento de alguns antropólogos e escritores brasileiros que se debruçam sobre as catástrofes climáticas e o seu efeito de destruição das florestas e dos povos originários, para pensar o impacto do colapso da Ecologia na constituição da subjetividade contemporânea. Para a preservação da floresta e dos povos indígenas, é fundamental a problematização crítica da noção de antropocentrismo, entendido como uma visão colonizadora e narcísica de uma suposta supremacia do homem branco, patriarcal, masculino. A sobrevivência da humanidade requer, antes de tudo, o combate ao antropocentrismo. A aproximação da Ecologia com a Psicanálise é trabalhada a partir da noção de narcisismo. O sonhar e a confluência de saberes e afetos são valorizados como vias de resistência ao fim do mundo.

Biografia do Autor

Maria Isabel Fortes, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ

Psicanalista, membro do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos. Coordenadora e professora da Pós-graduação Lato Sensu “Psicanálise e contemporaneidade: trauma e urgências subjetivas” do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio e CCE-PUC-Rio)

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Publicado
30-10-2025
Como Citar
FORTES, M. Ecologia e psicanálise: “não somos o sal da terra”. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 47, n. 54, p. 11-20, 30 out. 2025.