Um comentário sobre a tradução de Logos e uma hipótese sobre O aturdito
Resumo
O artigo propõe um comentário sobre “Logos” de Heidegger e uma hipótese sobre “O aturdito” de Lacan. A hipótese é de que existe uma relação importante entre os dois textos. Lacan retorna à ontologia da linguagem presente no texto de Heidegger, como apoio para o giro de uma ontologia da falta-a-ser, presente em suas construções estruturalistas, em direção à linguagem matemática, utilizando a topologia das superfícies para abordar as bordas do furo e a lógica comociência para abordar o real como impossível. Nesse giro – que é uma crítica à metafísica, pois utiliza o equívoco significante contra o princípio da não contradição e a topologia da superfície para fazer furo na substância – Lacan afirma uma fraternidade no dizer com Heidegger.
Referências
ALEMÁN, J.; LARRIERA, S. Desde Lacan: Heidegger – Textos reunidos (Spanish Edition). Malágara: Miguel Gomes Ediciones, 2009.
BALMÈS, F. Lo que Lacan dice del ser (1953-1960). Tradução de Horácio Pons. Buenos Aires: Amorrortu, 2002.
BEIVIDAS, W. Inconsciente et verbum: psicanálise, semiótica, ciência, estrutura. São Paulo: Humanitas/ FFLCH/ USP, 2000.
CASSIN, B. O Ab-senso de Lacan de A a D. In: BADIOU, A. Não há relação sexual: duas lições sobre “O aturdito” de Lacan. Tradução de Claudia Berliner. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
CEVASCO, R. Passso a passo: rumo a uma clínica borromeana. Volume 1. São Paulo: Aller, 2021.
CHAPUIS, J. Guia topológico para “O aturdito”: um abuso imaginário e seu além. São Paulo: Aller, 2019.
D’ESCRAGNOLLE CARDOSO, M. J. Retorno sobre a influência de Saussure sobre Lacan. Analytica, São João del Rei, v. 1, n. 1, p. 28-44, dez. 2012. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-
&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2023.
EIDELSZTEIN, A. O grafo do desejo. São Paulo: Toro editora, 2017.
______. La topologia em la clínica psicoanalítica. Buenos Aires: Letra viva, 2018a.
______. Modelos, esquemas e grafos no ensino de Lacan. São Paulo: Toro editora, 2018b.
HEIDEGGER, M. (1927). Ser e tempo. Tradução de Fausto Castilho. Campinas-SP: Editora da Unicamp/ Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2012.
______. (1946). Carta sobre o humanismo. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Editora Moraes, 1991.
______. Logos. Tradução de Jaques Lacan. Traduction d’un texte de Martin Heidegger – Logos – paru dans La psychanalyse, n° 1, p. 59-79, 1956. Disponível em: <http://parolesdesjours.free.fr/heideggerlacan.pdf>. Versão em espanhol: <http://www.ub.edu/las_nubes/archivo/uno/wunderkammer/Texto/Filosofia/Logos.pdf>.
Acesso em: 21 jul. 2023.
KAUFMANN, P. Dicionário enciclopédico de psicanálise: o legado de Freud e Lacan.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
LACAN, J. (1953-1954). O seminário. Livro 1: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1983.
______. (1955-1956). O seminário. Livro 3: as psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1988.
______. (1973). O aturdito. In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2003.
______. (1973-1974). Les non-dupes errent. Séminaire 21. Texto estabelecido por Staferla. Disponível em: <http://staferla.free.fr/S6/S6.htm>. Acesso em: 22 jul. 2023.
LÓPEZ, H. Lo fundamental de Heidegger en Lacan. 2. ed. Buenos Aires: Letra Viva, 2011.
MILLER, J.-A. O ser e o um. Tradução de Vera Avellar Ribeiro. Revisão de Carlos Augusto Nicéas. Versão final e subtítulos Marcus André Vieira. Seminário de Orientação Lacaniana, 2011.
MILLOT, C. A vida com Lacan. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
NANCY, J.-L.; Lacoue-Labarte, P. O título da letra: uma leitura de Lacan. São Paulo: Escuta, 1991.
RONA, P. M. O significante, o conjuno e o número: a topologia na psicanálise de Jacques Lacan. São Paulo, Annablume, 2012.
ROUDINESCO, É. Vibrant hommage de Jacques Lacan à Martin Heidegger. Table ronde. Lacan Avec Heidegger. In : ______. Lacan Avec les philosophes. Bibliothèque du Collège International de Philosophie. Paris: Édition Albin Michel S. A, 1991. p. 225-236.
______. Jacques Lacan: esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
SCHÜLLER, D. Heráclito e seu (dis)curso. Porto Alegre: L&PM, 2001.
VEGH, I. Lectura de L’étorudit. Escola Freudiana de Buenos Aires, 2008.
Žižek, S. Por que Lacan não é heideggeriano. 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rel/ v2n3/v2n3a02.pdf>. Acesso em: 17 dez. 2017.
Copyright (c) 2025 Cadernos de Psicanálise | CPRJ

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.