1956 Fatores estruturantes da primeira infância

  • Comissão Editorial
  • Anna Kattrin Kemper Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro - CPRJ, Rio de Janeiro, RJ

Resumo

Estado pré-natal

Relação pré-natal da mãe com a criança. Criança desejada ou não. Disposição psicofísica da mãe. Contato – convivência ou não. Pré-formação da relação para com o primeiro objeto.

Nascimento
Expulsão do estado homogêneo e do de identidade absoluta. Existe a intenção de nascer por falta de espaço. Início, mesmo difuso, da diferenciação. Aspecto traumático, ou trauma do nascimento. Angústia da expectativa (a respiração começa com um grito): (Sonho e memória de Juá – arrastando-se num canal molhado e muito estreito).

Estado pós-natal
Sede, fome, digestão. Sensações intestinais. Sensações corporais em contraste absoluto com as do estado pré-natal. Estado vegetativo, apático. O recém nascido manifesta durante o dia, apenas 14 minutos de reações espontâneas. Sensações de equilíbrio e seus respectivos distúrbios podem ser observados a partir do 8º dia (por ex., na posição horizontal ou vertical). Braços e mãos da mãe condicionam na criança percepções sensoriais e o equilíbrio psicofísico.

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Biografia do Autor

Anna Kattrin Kemper, Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro - CPRJ, Rio de Janeiro, RJ

Anna Kattrin Kemper, também conhecida como Catarina Kemper, foi uma das pioneiras da psicanálise no Brasil. Nascida em 1905 na Alemanha, chegou ao Rio de Janeiro em 1948 com sua família, acompanhando seu marido, Werner Kemper, que tinha a missão de fundar uma sociedade psicanalítica. Em 1955, participou da fundação da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (SPRJ), mas foi excluída da instituição em 1971 por não comprovar formação oficial como psicóloga ou psicanalista, sendo reconhecida apenas como grafóloga.

Apesar disso, Catarina teve uma atuação marcante na psicanálise brasileira. Trabalhou com crianças e jovens, organizou seminários, grupos terapêuticos e realizou experiências inovadoras em psicoterapia de grupo. Era conhecida por seu estilo não convencional, sensível e afetivo, o que a tornava uma analista muito procurada, especialmente por artistas e intelectuais.

Fundou o Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro em 1969 e, em 1973, criou com Hélio Pellegrino a primeira clínica social de psicanálise do país, voltada ao atendimento de pessoas de baixa renda. Defendia uma abordagem mais calorosa e empática na clínica, especialmente em casos de psicose, autismo e transtornos de personalidade.

Publicou diversos artigos relevantes na área e deixou um legado importante, sendo homenageada com o nome de uma biblioteca e de uma rua no Rio de Janeiro. Sua trajetória é lembrada como a de uma psicanalista ousada, que desafiou normas institucionais e antecipou debates contemporâneos sobre a prática psicanalítica por não médicos.

Publicado
01-08-2025
Como Citar
EDITORIAL, C.; KEMPER, A. 1956 Fatores estruturantes da primeira infância. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 47, n. 53, p. 47-80, 1 ago. 2025.