1962 A interpretação por alusão:
sua relação com as vivências e comunicações pré-verbais
Resumo
A autora considera que a interpretação por alusão, formulada através de frases incompletas, frases de aspecto não lógico, palavras isoladas ou sons e, se for o caso, de mímica e gestos, possui em certas situações analíticas maior eficiência terapêutica do que a interpretação tradicional, lógico-discursiva. Ilustrando seu ponto de vista, encarece os seguintes pontos: 1) A decisiva importância para a evolução do ser humano, das radiações, percepções e comunicações atmosféricas emocionais, desde o início da vida. 2) O significado patogênico das atmosferas traumáticas durante o processo de desenvolvimento da linguagem, capazes de limitar e perturbar a comunicação com o mundo ambiental. 3) As interpretações diretas e imediatas, pelas suas características, não atingem com suficiente profundidade as camadas vivenciais arcaicas do paciente em certas fases, tornando-se, portanto, inassimiláveis para o seu ego fraco e pré-verbal. 4) As interpretações por alusão, além de mais próximas dos níveis vivenciais arcaicos do paciente, permitem evitar a defesa pela intelectualização. 5) As intepretações por alusão, em certos períodos da análise, mostram-se mais favoráveis aos processos de ampliação e clarificação das vivências atmosféricas difusas do paciente, cuja remobilização é decisiva para o sucesso terapêutico. Além disto, tais interpretações dão ao paciente maior oportunidade de chegar, por si mesmo, aos “insights” sobre o seu mundo interno. 6) As interpretações por alusão podem desencadear a capacidade do paciente de ter reações motoras, de maneira produtiva para a análise. 7) A autora, ao expor certas vantagens da interpretação por alusão, não pretende subestimar a atividade interpretativa tradicional. Esta pode, inclusive, ser preparada por aquela, de modo a tornar-se mais eficiente.
Referências
Bühler Ch. — «Kindheit und Jugend Leipzig 1928 (Infância e Juventude).
Bühler K. — «Die geistige Entwicklung des Kindes» / Jena 1930 (O desenvolvimento espiritual da criança).
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Dührssen A. — «Psychogene Krankheiten bei Kindern und Jugendlichen» / Göttingen 1954 (Doenças psicógenas de crianças e adolescentes).
Spitz R. — «Desenvolvimento emocional do recém-nascido» / Rio 1959 (Die Entstehung der ersten’ Ojeckbeziehungen).
Spitz R. — “Nein und Ja» – Die Ursprünge der menschlichen Kommunikationen» – Stuttgart 1957 («Não e sim» – As origens das comunicações humanas).
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