1968 Quanto à função terapêutica da regressão no processo analítico

  • Comissão Editorial
  • Anna Kattrin Kemper Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro - CPRJ, Rio de Janeiro, RJ
  • Wilson de Lyra Chebabi Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro - CPRJ, Rio de Janeiro, RJ
  • Carlos Alberto Lannes Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro - CPRJ, Rio de Janeiro, RJ

Resumo

Em seu recente livro sobre o Processo Analítico, Meltzer (1) coloca, de início, bem estabelecido que “Praticar a psicanálise e explicar essa prática são duas funções muito diferentes da Psicanálise”. Resulta dessa circunstância que quando comunicamos cientificamente o que praticamos, já estamos esquematizando alguma coisa que em si tem uma vida muito mais rica do que os nossos esquemas transmitem. Quando então nos comunicamos com os nossos colegas, travamos um diálogo que não é propriamente um cotejamento entre os nossos trabalhos, mas entre as explicações que damos a respeito do que fazemos. Deste modo, a comunicação entre os colegas – às vezes difícil tanto em função de concepções divergentes como também em parte de problemas pessoais ainda não inteiramente resolvidos – torna-se então mais complexa.

 

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Biografia do Autor

Anna Kattrin Kemper, Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro - CPRJ, Rio de Janeiro, RJ

Anna Kattrin Kemper, também conhecida como Catarina Kemper, foi uma das pioneiras da psicanálise no Brasil. Nascida em 1905 na Alemanha, chegou ao Rio de Janeiro em 1948 com sua família, acompanhando seu marido, Werner Kemper, que tinha a missão de fundar uma sociedade psicanalítica. Em 1955, participou da fundação da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (SPRJ), mas foi excluída da instituição em 1971 por não comprovar formação oficial como psicóloga ou psicanalista, sendo reconhecida apenas como grafóloga.

Apesar disso, Catarina teve uma atuação marcante na psicanálise brasileira. Trabalhou com crianças e jovens, organizou seminários, grupos terapêuticos e realizou experiências inovadoras em psicoterapia de grupo. Era conhecida por seu estilo não convencional, sensível e afetivo, o que a tornava uma analista muito procurada, especialmente por artistas e intelectuais.

Fundou o Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro em 1969 e, em 1973, criou com Hélio Pellegrino a primeira clínica social de psicanálise do país, voltada ao atendimento de pessoas de baixa renda. Defendia uma abordagem mais calorosa e empática na clínica, especialmente em casos de psicose, autismo e transtornos de personalidade.

Publicou diversos artigos relevantes na área e deixou um legado importante, sendo homenageada com o nome de uma biblioteca e de uma rua no Rio de Janeiro. Sua trajetória é lembrada como a de uma psicanalista ousada, que desafiou normas institucionais e antecipou debates contemporâneos sobre a prática psicanalítica por não médicos.

Wilson de Lyra Chebabi, Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro - CPRJ, Rio de Janeiro, RJ

Wilson de Lyra Chebabi foi um psicanalista brasileiro de destaque, cuja trajetória se consolidou tanto na prática clínica quanto na reflexão teórica sobre a psicanálise. Ele se dedicou intensamente ao estudo da teoria freudiana e à formação de psicanalistas, sempre atento aos vínculos políticos e institucionais que permeiam a profissão.

Durante os anos de chumbo no Brasil, Chebabi atuou no Centro de Estudo de Antropologia Clínica, um espaço de resistência intelectual e liberdade de expressão. Sua abordagem clínica era marcada por uma escuta aberta e sensível, valorizando a narrativa como forma de dar sentido ao sofrimento humano. Para ele, a psicanálise era uma aventura existencial compartilhada, não uma técnica voltada a fins utilitários.

Apesar de sua produção intelectual significativa, muitos de seus textos permaneceram inéditos até a publicação do livro Trajetória de um psicanalista, organizado por Elza Marques Lisboa de Freitas, Saul Fux e Miguel Calmon du Pin e Almeida. A obra reúne reflexões sobre clínica, ética e formação, além de homenagens de colegas e amigos, como o filósofo Emmanuel Carneiro Leão.

Carlos Alberto Lannes, Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro - CPRJ, Rio de Janeiro, RJ

Carlos Alberto Lannes é um psicanalista brasileiro que teve papel importante na história do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro (CPRJ). Ele é conhecido por ter traduzido para o inglês o texto histórico da instituição, o que indica seu envolvimento direto com a organização e sua atuação na divulgação internacional da psicanálise brasileira.

O CPRJ foi fundado em 1969, inspirado por Anna Katrin Kemper, e desde então tem se caracterizado por uma postura crítica em relação aos dogmas clássicos da psicanálise institucional. Carlos Alberto Lannes contribuiu para essa tradição de pensamento livre e inovador, alinhado com os princípios do Círculo, que valoriza a formação contínua e democrática dos psicanalistas.

Apesar de sua presença institucional, não há muitas informações públicas detalhadas sobre sua formação acadêmica ou produção teórica individual. Se você estiver buscando dados mais específicos sobre sua obra ou atuação clínica, posso tentar localizar publicações ou entrevistas. Gostaria que eu fizesse isso?

Referências

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Como Citar
EDITORIAL, C.; KEMPER, A.; CHEBABI, W.; LANNES, C. 1968 Quanto à função terapêutica da regressão no processo analítico. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 47, n. 53, p. 283-293, 11.